Italianos com medo de investir em Angola
Passados quase cinco anos de paz em Angola, considerando a promoção do governo angolano para atrair o capital estrangeiro, e tendo em conta outros mil factores, não esperava encontrar um italiano ainda receoso de fazer empreendimentos em Angola. Mas tive de reconsiderar esse meu optimismo, quando obtive dados de Vincenzo Silvestrelli, responsável do gabinente promocional do CONSEL, um organismo de promoção profissional em Roma. Silvestrelli disse-me que alguns italianos com projectos de investimentos virados para Angola estão recuando, ultimamente, a causa do medo pelo governo angolano. Alguns desses pensam que o actual governo de Angola lhes poderia confiscar as suas propriedades privadas uma vez criadas. Penso tratar-se dum temor sem fundamentos plausíveis, considerando o quadro actual de Angola. Certo porém é que muitos ainda não crêm na seriedade do actual governo angolano em promever e protejer a propriedade privada estrangeira. Por isso, estão aguardando pela anunciada realização de eleições.
O recente estudo do mercado angolano feito pelo Banco Mundial parace dar razão à desconfiança italiana. Este diz que Angola possui um "universo de oportunidades de investimento", mas o ambiente de negócios é pouco favorável ao crescimento do sector privado. O Banco Mundial salienta ainda a não existência de grande protecção ao investidor privado . As causas são as mesmas: altos índices de corrupção, infinidade de regulamentos e procedimentos burocráticos desnecessários e falta gritante de infra-estruturas. Até a própria capital, onde estão concentrados os maiores volumes de negócios, carece de vias fluíveis. O engarrafamento por exemplo está quase paralisando a capital ecónomica e política de Angola.
Nos últimos meses do ano passado fez-se um grande show em Milão visando informar aos pontenciais empresários italianos das oportunidades de negócios em Angola. Naltura, o governo de Berlursconi havia prometido eventuais promoções e investimentos a condição de que Angola liquidasse a sua dívida com Itália, coisa que até agora o governo angolano parece não ter feito.
Em Novembro passado, a Embaixada de Angola na Itália promoveu uma semana cultural com o lema “conhecer Angola na casa do Brasil”. Num dos dias dos debates, o argumento foi “o crescimento económico de Angola”. Tema apresentado pelo senhor Carlos Amaral, adido ecómico da mesma embaixada. Não só não vi na sala pontenciais investidores italianos como também a apresentação me tinha parecido desastrosa para a seriedade económoca pretendida. Até os tais dados estatísticos avançados naltura eram todos estimativas, nada certo. E é assim que se pretende atrair os empresários italianos para Angola.