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24.2.07

O Aborto é comparado ao Holocausto nazista



Humanamente deve ser muito doloroso morrer sem saber sequer a causa da própria existência e morte. Assim aconteceu com os milhares e milhares dos Hebreus que nos anos 30 e 40 eram solenemente encaminhados para as “fábricas de mortes” de Hitler então existentes em Polónia. Assim acontece ainda hoje com os infinitos milhares de crianças não nascidas porque indesejadas dos seus respectivos familiares.


Segundo as estatísticas da organização mundial da saúde, oms, mais de 80 milhões das gestações femeninas são indesejadas. Dessas gravidezes, 46 milhões são convertidas em abortos, o que faz um total de 126 abortos por cada dia. Só na Itália, de 1983 a 2004, fizeram-se 136700 interrupções voluntárias de gravidez. Dados hospitalares registam 142 mil abortos/ano na terra do Dante. Portugal, que acaba de dilatar a despenalização do aborto, regista 150 abortos clandestinos por ano. Angola não se escapa dessa, considerando os abortos clandestinos praticados, embora não haja registos certos.



Em fim, os números de abortos no mundo são assutadores, e as consequências não deixam de ser trágicas. Afinal estamos a falar de mais de 80 milhões crianças não nascidas a causa da interrupção voluntária da gravidez. É um autêntico genocídio. Não importa se trata-se de aborto legal, eugênico, femenista, terapêutico ou farmacêutico. São vidas humanas que estão sendo eliminadas sistematicamente (com o agravante de serem pessoas inocentes e indefesas). O aborto é sempre um omicídio, infaticídio. O resto é conversa barata para justificar-se a cobardia e varrar a consciência de qualquer remorso ou vergonha.



O fenómeno da prática de aborto tem vindo a crescer na Europa, com o aumento da sua despenalização legal. Hoje a situação é alarmante. Nos princípios dos anos 2000, alguns cristãos de Holanda e França começaram a falar da possibilidade e legitimidade do uso de “objecção de consciência cristã “ da parte dos fiéis funcionários públicos, quando a lei permite a execussão do aborto nos hospitais. É importante sublinhar que esta cosnciência e iniciativa veio dos leigos cristãos desses países considerados altamente laicista e liberais.



O falecido Papa João Paulo II, no seu livro intitulado «Memória e Identidade», a dado passo, compara o aborto aos crimes do Holocausto cometidos por nazista Adolfo Hitler. Os críticos do Vaticano, ateus e laicistas acusam os católicos do que chamam “chantagem emocional”. Contudo, hoje, na Itália, a causa dos problemas legais e familiares criados pelo cessante Governo de Prodi (semelhante ao do Zapateiro, na Espanha), é debate público, académico e religioso questões de objecção de consciência, eutanásia, comparação do aborto com o holocausto e o matrimónio dos paninas.

15.2.07

Computador Rival



Em Luanda fizera notícia o caso dum grande político que tinha sido abandonado da sua esposa por tanto estar colado ao ecrã do seu computador, às altas horas da noite. Era no fim dos anos noventa. A senhora queixava-se de que o esposo já não dormia cedo nem fazia mais ‘amor’, desde que tinha comprado o seu computador. Achava-o muito estranho e esquisito.


Aqui na Europa, em paticular Inglaterra e Itália, está em crescimento um fenómeno chamado ‘Pornodependência’. Trata-se de homens (casados ou com namoradas) dependentes dos estímulos eróticos da internet. Um tipo desses, de tanto deixar-se estimular sexualmente pelas imagens fortes da net, evita ter relações sexuais com a sua própria companheira ou esposa. Os ditos pornodependentes refusiam-se nas excitações eróticas virtuais. Dizem experimentar aí emoções muito mais fortes e extravagantes, e não se sentem capazes de fazer nada para mudar a situação em que se encontram envolvidos. Sentem-se prisioneiros dessas relações virtuais.


Alguns acham tratar-se apenas de mais um hobby divertente como ver uma partida de futebol. Outros porém pensam tratar-se dum problema muito sério porque está destruíndo famílias.


Muitas esposas têm surpreendido seus maridos vendo e falando com mulheres nuas via internet, nas suas respectivas casas. E sentem-se profundamente traídas, humilhadas, espezinhadas e desesperadas.


Os pornodependentes são conscientes de que o desfrutamento da ‘porno-online’ lhes afasta do mundo real, das relações e afectos a partilhar com suas respectivas senhoras; sabem do perigo e do esvasiamento sentimental que isto acarreta a relação íntima com a própria companheira, mas, não se sentem capazes de evitar a auto-erotização contraída nos ciberespaços, são, numa palavra, dependentes do sexo virtual mais ou menos como os narcóticos dependem das drogas e os alcoólatras do álcool.


Os medicamentos e dinâmicas de ‘desintoxicação do sexo virtual’ ainda não foram descobertos. Mesmo a própria diagnose de ‘pornodependência’ não é ainda partilhada nem reconhecida no mundo da medicina. Os espertos que estão estudando este fenómeno emergente recomendam às esposas ou senhoras vítimas dessa realidade a não se sentirem humilhadas nem culpadas da dependência do esposo ou amante. Recomendam-na o afronto direito do problema com o partner, respnsabilizando-o da situação conscientemente procurada. Segundo estes peritos da pornodependência, a autoculpabilização da mulher piora a situação porque desresponsabiliza o pornodependente. E recomedam a consulta dum psicológico ou psicanalista, caso o ‘doente’ esteja disposto a colaborar.


Questões como estas, não são lidas normalmente nos livros nem há mestres nos seminários ou universidades, mas, os pastores e sacerdotes devem-nas afrontar na pastoral e nos confessionários porque começam a fazer parte dos problemas reais das famílias.

8.2.07

Costumes Sociais Italianos II



As cidades antigas italianas são quase obras de arte. O turismo é uma das principais fontes financeiras dos italianos. Cada dia cerca de um milhão de turista gira o país, procurando, aqui e acolá, uma pedra antiga, uma ruína vernizada, um castelo famoso, um templo envelhecido pelos séculos. A propósito, uma cauda de quase um km dos turistas pode ser visto diariamente entre os muros do Vaticano, curiosamente, muitos chineses e japoneses (não cristãos) sedentos em visionar as coisas antigas do muséu Vaticano. Cidades como Roma, Venézia e Firenze encabeçam a lista dos turistas, na sua maioria, chineses, japoneses, americanos e outros europeus.


É divertente ver um italiano ao telemóvel. Parece falar mais com as mãos do que com a boca. O cenário e a cadência de gestos das mãos fazem-nos pensar num dirigente de coro ou orquestra. Os turistas riem-se e divertem-se ao se depararem com semelhantes espectáculos nos meios públicos.


Mais da metade dos 60 milhões dos italianos são velhos. Dos 3 que encontro na rua, apenas 1 é jovem. Durante o verão, muitos desses morrem improvisadamente. O tecido social e a mão de obra está sendo reforçada pela imigração, particularmente oriunda do leste europeu. Muitos velhos sem parentes estão sendo assistidos pelas senhoras latino-americanas, africanas ou do leste. Mensalmente centenas de imigrantes clandestinos chineses e africanos entram pelas águas italianas apoiados por uma rede crimiminosa que caça dinheiro fácil e uma mão de obra barata para os diversos empreendimentos económicos no norte de Itália. São todos eles homens e mulheres dos 20 a 40 anos de idade. Mas muitos desses clandestinos param hoje na rua por diversos motivos. E para acudirem ao estômago, vendem bugigangas nas ruas como ambulantes. A maioria desses são nigerianos. As raparigas nigerianas vendem-se ao cair da noite. Em Roma até já virou costume considerar os negros por nigerianos.


Curiosamente os italianos ignoram a África. Para muitos, África não passa dum país infestado de misérias, guerras, sida, malária, corrupção, deserto, macacos, leões e elefantes. Me tenho avistado com muitos padres que não sabem localizar Angola no mapa africano. USA, Inglaterra e França são os países de referência dos italianos. Muitos intelectuais italianos aí foram formados. O inglês é praticamente a segunda língua oficial da classe média italiana, depois dos dialetos locais.


Me surpreende a apreciação da pele negra da parte dos italianos. Eles gostam realmente da cor negra, melhor, morena. Dizem ser uma cor bela e atraente à vista. Nas publicidades não faltam imagens de negros/negras. Não ficam por aqui. Os modelos deles de estética aprovam a cor morena e detestam a branca. Por isso, no verão, quando faz calor de morrer, deixam as cidades semi-desertas, acorrem todos às praias. Lá passam dias a apanhar o sol até ficarem quase queimados como carne grelhada, melhor, «bionda», loiros como sugere os modelos estéticos. Nalgumas Igrejas e santuários, a nossa Senhora é negra, melhor, preta. Nas ruas, os miúdos acenam os negros com simpatia tanto quanto se fanatizam das estrelas negras dos filmes e do futebol.


Ainda assim, tenho aqui um colega angolano que morre de medo dos brancos. Viu com seus próprios olhos na Europa alguns pretos morrerem por uns fanáticos raciais. E aqui não deixa de ver imagens terrificantes de italianos violentos no futebol e que se matam como ratos por ninharias. A meu ver, os italianos têm sim nervos a flor da pele, mas não me parece que sejam violentos nem racistas.

6.2.07

Costumes Sociais Italianos



O mundo holyudiano dos americanos tornou o italiano famoso como homem de pizza, pasta, casaco, sapato, bola, máfia e de arquiologia. Uma das coisas porém que eu admiro aqui é a robusteza, consistência e beleza das residência italianas. Têm pedras e mármores lindos às suas barbas. E com isso têm vindo a fazer coisas estupendas e magníficas no ramo da arquitectura.


No geral, e salvo a borocracia, os italianos são também muito entregues ao trabalho. Ninguém coça a barriga enquanto respirar. Até os grandes cárgos políticos e medíaticos são prenhe de velhos. Mas, a nova geração tem tendências mais consumistas que laboriosas. Além das dificuldades de se encontrar um emprego digno, muitos jovens não são criativos porque desde pequenos são muito mimados. Muita coisa foi já feita para eles. Alguns jovens, até 35 anos de idade, mantêm-se indecisos se casar ou não, se abandonar ou não a casa dos pais. Pois, torna-se difícil deixar a carícia dos pais que continuam a satisfazer quase todos os caprichos dos filhos. As estatísticas dizem que, na média, as italianas casam-se aos 35 anos de idade. As famílias são mui reduzidas, em média 4 pessoas. Um apartamento de cem metros quadrado custa 488 mil euros em Roma. Cada família normalmente tem uma casa ou um apartamento, um carro. Quase todos jovens têm um telemóvel, uma motorizada, senão mesmo um ‘turismo’. Os pais têm a sagrada obrigação de alimentar os vícios e virtudes dos filhos (que geralmente são dois) até que assumam a sua própria responsabilidade, lá pra os 30 anos de idade. Há uma coisa porém que até agora não consigo entender: o motivo de muitos adolescentes fumarem, quase 90% dos adolescentes. Alguns deles o fazem às escondidas dos país.


Impressiona-me também a urbanidade. As necessidades biológicas foram todas colmatadas com a máquina industrial, logo após a II Guerra Mundial. A energia, gás e água estão a disposição dos cidadãos 24/24 horas. Significativo notar que a maioria desses bens são importados. Os serviços públicos de transporte são quase eficientes. Os hábitos e costumes sociais são quase todos decentes, excepto a crónica màfia e certo excesso de nervosismo. As casas são confortáveis, ruas e jardins bem cuidados. Algumas cidades são mesmo ecológicas, florescentes a luz do sol e brilhantes à noite como Paris.


O que ainda mais me espanta é que tudo isso é criado, sustentado e gerido pelo sistema de impostos. Itália não é grã quê quanto aos recursos naturais. O petróleo lhe vem todo de África e Ásia, o gás da Rússia, mais da metade da energia consumida é francês. Ainda assim, os salários dos italianos não são magros. Os estipêndios vão de mil a cento e tal mil euros/mês. Os ditos mal pagos andam a volta dos 400 euros/mês. Quem tiver um emprego, vive suficientemente bem. Mas, nos últimos anos, tem havido uma certa crise económica que já começou a furar os bolsos da camada socialmente débil. Muitos cidadãos comuns reclamam o peso dos impostos que não deixam nascer as pequenas iniciativas comerciais ou empresariais. Tudo agora ainda mais complicado com o aumento das taxas fiscais do governo prodiano. Para quem não trabalha a vida aqui torna-se realmente muito mais cara do que em Luanda. A assistência médica custa 400 euros/ano. Esta garante somente o médico pessoal e os eventuais socorros primários, não as consultas nem os medicamentos básicos. Um corte de cabelo que, por exemplo, em Luanda, me custava não mais de 1,5 euro, aqui me tem custado não menos de € 10. Com 100 euros compro muita e boa roupa em Angola, mas aqui posso comprar apenas uma ou duas calças. Por isso, os chineses estão a ter muita aceitação aqui. O que custa 60 euros na loja dum italiano, na do chinês pode-se encontrar a € 25, com a mesma qualidade e origem. É pena que estejam pondo travão ao comércio chinês. Com seus produtos baratos, os chineses estão realmente ajudando muita gente velha e desempregada.


Não fico por aqui. Faço apenas um suspiro neste conto do ‘modus vivendis italo’. Continuarei a fotografar as coisas bizarras e chamativas dos italianos no próximo artigo.

2.2.07

A “Fé cansada” em ruínas romanas



As bases dos nossos missionários continuam vivas de fé, embora menos fervorosa e menos missionária como outrora. Eles mesmo dizem ter uma ‘fé cansada’, velha e agastada. Contudo, na Itália, não deixa de haver significativas almas devotas e piedosas.


Muitos aqui se dizem ser católicos, pouquíssimos porém frequentam uma Igreja paroquial e só Deus sabe quantos realmente praticam a doutrina da Igreja. Entretanto, as Igrejas e casas religiosas continuam brilhantes de riquezas que lhes vêm da tesouraria estatal dos bens ditos monumentais e culturais (as que ostentam tal credencial) e doutros biz. É também nesse contexto cultural e jurídico que a recompensa financeira dum pároco, por exemplo, não é menos de 800 euros/mês, sem falar doutras fontes de entradas. Mas, para grandes projectos paroquiais, os parócos recorrem quase sempre à contribuição dos respectivos fiéis. Estes correspondem normalmente com magna generosidade.


O clero, na sua maioria, é ancião, isto é, com mais de 60 anos de idade. E muitos estão a morrer na sua velhice. As Paróquias estão sendo despovoadas de padres. Muita carestia mesmo. A propósito, conheço aqui um padre de 90 anos de idade com 6 paróquias a seu comando. O agravante é que aqui o pároco faz quase tudo. Não há muita partilha de serviços litúrgicos com os leigos como nós em África.


No meu contacto com as pessoas nas actividades pastorais, cada vez mais vou cimentando a impressão de que os fiéis que aqui frequentam a Igreja não são muito instruídos na doutrina como imaginava que fossem. Muitos destes são supersticiosos. A devoção aos santos, relíquias e aos lugares considerados santos é assustadora.


Nas Paróquias, tudo é quase super-organizado. O peso dos costumes antigos e a eficiência operativa não deixam muito espaço à salutar criatividade. Se calhar, por isso, muitos jovens, por exemplo, não frequentam às Igrejas por as considerarem “lugares de coisas em desuso”, com nenhuma interpelação interessante a vida deles. Contudo, vejo e sinto que muitos jovens são religiosos, embora não frequentem os sacramentos. Basta olharmos com atenção ao crescente fenómeno das chamadas “seitas satánicas”. Todas compostas e dinamizadas por jovens, com ritos e sacrifícios extremamente perigosos.


Os mais de 3 mil sacerdotes estudantes em Roma, na sua maioria asiáticos e africanos, ajudam nas Paróquias e Santuários, nos fins de semana, festas e nas férias, colmatando assim uma certa carência pastoral. Isto para não contar o significado número de padres africanos que estão a trabalhar quase definitivamente aqui. Alguns padres italianos não vêm porém com bons olhos essa presença africana nas suas dioceses. Há mesmo quém ouse acusá-los de mercenários, e não missionários. Mas, é uma insignificante minoria. O padre negro aqui tem a mesma aceitação como qualquer outro sacerdote de cor branca ou amarela. Não tenho notado significativo sinal de “racismo religioso”. Aliás, muitas vezes ouvi de certos fiéis que os padres negros são muito mais atenciosos e afectuosos com as pessoas nas Paróquias e nos confessionários.


Ouvindo homilias e discursos teológicos de muitos padres e bispos daqui apercebi-me de que a nossa “teologia de Luanda” não está nada deficiente como suspeitava. Eu que lá estudei, teologicamente pensando, me sinto a vontade aqui com os colegas e os fiéis. Nos superam apenas na quantidade bibliográfica, mas, não necessariamente na qualidade. Quero dizer, não estamos na periferia do mercado global do conhecimento, ao menos no saber filosófico e teológico. O resto, como sempre, depende do empenho académico do próprio estudante, quer aqui quer noutra parte do mundo.


Eu até sou do parecer que as especialidades em filosofia, teologia e sociologia poderiam mesmo serem feitas em África. Aqui vir-se-ia somente para estudos especializados de exigese bíblica, psicologia e outros saberes de que ainda não dispomos de quadros especializados suficientes para tal. Por outro, os nossos bispos já se deviam ter apercebido dos avultados ríscos e dispêndios económicos e pastorais. Não são poucos os casos dos padres que aqui vêm buscar canudos a troca da própria fé.