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17.11.13

A “mentalidade de Diploma” encorajada por OGEs do Governo Angolano

A magra fatia do bolo orçamental prevista para o sector social (que inclui a Saúde, Educação e os subsídios de combustíveis) em 2014 (30%), faz-me pensar que o Governo Angolano continua a apostar mais na Segurança Militar do que na “Segurança Social”, justiça social. O OGE do próximo ano deveria espelhar bem a ideia do MPLA de “crescer mais e distribuir melhor”, ou seja, a prioridade deste preventivo orçamental deveria alocar mais recursos financeiros aos sectores de Indústria, Construção, Agricultura, Saúde e Educação. Mas, não. Pior, nestas áreas, o OGE sofreu cortes quanto a mim injustificáveis. É preciso apostar mais na Educação, ou seja, na qualificação técnica dos angolanos, se queremos de facto desenvolver este país. Pois, e não obstante ser considerado “canteiro de obras”, Angola carece de profissionais com competências pragmáticas. Há carência gritante de bons pedreiros, carpinteiros, electricistas, mecânicos, sapateiros, pedreiros, ladrilhadores, canalizadores, barbeiros, padeiros, jardineiros, escultores, escritores, tradutores. Até quando os chineses farão obras por/para nós? E quando forem, quem fará a manutenção das mesmas? A corrida aos títulos académicos entre nós angolanos é quase uma obsessão. Todos são doutores. Parece que alguém disse que para alguém subir na vida em Angola precisa ter diploma. E quantas vezes ouvi de boca cheia de muitos alunos universitários, “com um diploma nas mãos, é um emprego garantido”. Ilusão! Quase
todos os miúdos e alguns adultos superlotam as academias angolanas, na sua maioria, não interessados em aprender; mais sedentos em obter certificados que sabedoria ou técnicas que lhes habilitem ao mercado de trabalho. Mesmo com este orçamento, o Governo aposta mais no Ensino Superior que no primário e quase nada para a formação técnico-profissional. Precisamos reverter esta mentalidade. Há seis anos, tenho conhecido pedreiros, ladrilhadores, motoristas e mecânicos (só para citar alguns) a ganharem mais de 300.000 kwanzas/mês. Isto mostra que não é preciso ter diploma da Universidade para se subir na vida em Angola. Um excelente técnico de som, luz, dança, língua, agricultura, construção, etc. tem vindo a ganhar salários que superam os de muitos diplomados ou doutores. Professores, médicos, advogados, engenheiros, cientistas e outras semelhantes profissões precisam fazer um curso superior, sim. Mas, será que todos os angolanos devem ser doutores para a titânica missão da (re)construção do país? Quanto a mim, precisamos mais de qualificações técnicas e práticas que altas habilitações; carecemos mais de quadros e escolas elementares e profissionais que lentes e Universidades de diplomas. E se quisermos sair do marasmo social actual, o Governo deverá alocar mais recursos financeiros para estes sectores de qualificação técnica profissional, o que não deve significar obrigar a todos a terem diplomas universitários.