A Igreja Católica em Angola entre apatias e letargias
Há uma semana, a Igreja Católica em Angola tem
estado na mira dos media nacionais e
não só. Dia 27 de Abril, foram canonizados Santos
os então beatos Papa João XXIII e João Paulo II na cidade do Vaticano; e Angola
esteve representada com uma delegação parlamentar de alto nível. Dom Damião
Franklin, Arcebispo metropolitano de Luanda, morreu aos seus 63 anos de idade nesta
segunda-feira. Amanhã o Presidente de Angola terá um encontro de cortesia com o
Papa Francisco na cidade do Vaticano e visitará depois o túmulo de António
Manuel Nvunda, “O Negrita”, na Basílica de Santa Maria Maior. Lembrar que o
famoso Negrita da Itália representa
uma história política e religiosa de grande destaque para Angola e África. Reza
a história que Nvunda foi o primeiro embaixador dum soberano negro-africano ao
sul de saara junto da Santa Sé. Chegou a Roma em 1604; e foi recebido com pompa
e circunstância pelo então Papa Paulo V e habitantes da chamada Cidade Eterna.
Mereceu mesmo uma passeata pelas principais avenidas de Roma.
A Igreja Católica está em Angola desde o século
XV. Mereceu a atenção especial dos dois recentes Pontífices, tendo sido
visitada oficialmente por João Paulo II em 1992 e Bento XVI em 2009. O Governo de
Angola, chefiado por José Eduardo Dos Santos, tem-se auto-exorcizado perante a
Igreja Católica desde o início dos anos 90, restituindo os bens da Igreja
confiscados nos finais dos anos 70 e oferendo bens materiais e financeiros às
entidades eclesiásticas desta mesma congregação religiosa. Mas, a meu ver, a
Igreja Católica, na pessoa da CEAST,
não tem sabido tirar proveito a esse namoro interesseiro do Estado angolano nem
tem aproveitado da melhor forma o clima favorável das boas relações entre o
Vaticano e o Estado angolano. No entanto, o Governo de Dos Santos tem tido
enormes ganhos políticos e da imagem institucional.
Angola é o primeiro país cristão na África
subsariana, quiçá, o país com maior número de praticantes do catolicismo nesta
região. Mas falta à Igreja de Angola de hoje muita visão e acção. Não obstante
as vantagens e os contextos favoráveis acima indicados, a Igreja Católica
angolana não tem sequer um Concordato
entre a Santa Sé e o Estado de Angola; a Igreja Católica em Angola não tem nenhum
Santo ou beato canonizado, nem sequer uma causa na Congregação dos Santos
(mesmo com tantos catequistas, irmãs e sacerdotes mortos em nome da fé na então
perseguição do comunismo marxista-leninista dos anos 70 e 80). Os tribunais
eclesiásticos são inoperantes, inexistentes noutras dioceses, mesmo havendo
pessoas mortificadas no seu matrimónio que, por vezes, haveria uma saída para o
bem das almas; as dioceses não têm as economias e patrimónios organizados e dinâmicos;
as dioceses vivem de esmolas e não têm investimentos sustentáveis. O dossiê da
expansão da Rádio Ecclesia não tem
pernas para andar. A autoridade moral da Igreja Católica (outrora incontornável
e apreciada pela população) tem vindo a ser negociada e ensombrada pelos
agentes da maçonaria. Em termo de administração eclesiástica e pastoral, não se
faz o suficiente. Há claramente uma letargia no nosso magistério. A continuar
assim, o catolicismo deixará de ser a religião mais praticada em Angola. E não
tardará o muçulmanismo ganhar terreno.
3 Comments:
Este comentário foi removido pelo autor.
Depois de uma leitura não por varrimento visual, fica a questão: o que motivou o professor a escrever esse artigo?
Será que a Santa Igreja é um «GIGANTE QUE ESTÁ FICAR SEM VISÃO» ?
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