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Localização: Luanda, Angola

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24.7.12

FEIRA DO LIVRO EM BENGUELA

Do dia 23 até ao dia 29 de Julho está a decorrer a FEIRA DO LIVRO em Benguela organizada pela Editora MAYAMBA e outras organizações locais. É a cultura do saber fazer ao rubro. Quem lá for, vai encontrar exposta também a nossa recente obra “Ética Profissional de Jornalismo”. Gabriel Tchingandu, Ismael Mateus, Jorge Valentim, Francisco Soares, Engrácia Miguel Rodrigues, Lito Silva e Rodrick Nehone são nomes de cartaz daquela feira benguelense. No próximo mês de Agosto, este livro estará a ser autografado na “cidade vida”, Huambo.

12.7.12

AS ELEIÇÕES , O BICHO DE SETE CABEÇAS PARA MUITOS ANGOLANOS

O mês das eleições continua sendo um pesadelo para muitos angolanos. Justino Katatali tem 49 anos de idade e reside em Cacuaco. Há dois anos aguarda pelas eleições do próximo mês para erguer a sua própria casa no Kifuangondo. Não o fez até agora por temer que os eventuais alvoroços eleitorais comam-lhe tudo como lhe aconteceu em 92 no Icolo e Bengo. No interior do país, muita gente anda apreensiva com as eleições marcadas para 31 de Agosto. Tudo devido às malditas eleições de 92. Poucos querem saber que os tempos são outros. Em vão pregar pela necessidade, pacificação, importância e consolidação da democracia. Escolástica Natchilombo reside em Ngalanga (Huambo). Já na casa dos sessenta anos de idade, e com os quatro filhos em Luanda, roga-lhes para a não visitarem durante o mês de Agosto por causa das eleições. Anos atrás, muitos estrangeiros nesta altura estavam a fazer as malas. E outros angolanos iam tirar umas forçadas férias na Europa. Desta vez, tais romarias, se existem, não estão a dar nas vistas. Infelizmente, o clima das eleições em Angola tem sido cinzento. Este ano não parece haver indicadores diversos. Os espectros de fraudes, medos e falta de alguma liberdade política perseguem-nos outra vez. Há quarenta e oito dias do 31 de Agosto os cadernos eleitorais não estão ainda publicados para consulta e eventuais reclamações dos interessados. Há quarenta e oito dias das eleições há gente desaparecida e presa por manifestar publicamente os seus direitos e vontades políticas. A propósito dos medos entre nós, Reginaldo Silva fala do “medo do poder absoluto” e do “medo de discordar em público” com o receio da retaliação e da perda de regalias, promoções ou doutras consequências desagradáveis. Entretanto, tirando o barulho dos media sobre as eleições, em Luanda, quase ninguém se quer aperceber de que elas estão já à porta. Quase ninguém está a dar por elas. As eleições não estão na boca da gente. Não se ouve falar delas nas paragens, nas praças, nos candongueiros nem nas escolas. Nem mesmo as ruas e ruelas de Luanda estão a dar por elas. Tudo parece estar a ser deixado para o último dia, o dia D. Será uma estratégia? Será sinal de indiferença da população com a política e os políticos? A própria pré-campanha de partidos é tímida. Será por falta de “verbas”? Ou não se quer agitar as águas políticas em nome da tal paz magra? A continuar o mutismo, e excluindo os medos, acreditarei aos historiadores e sociólogos com teses de que em países com sistemas patrimonialistas, o partido não ganha eleições por atracção de programas, mas, sim, por questões de sobrevivência e clientelismo. Contudo, aqueles temores, as supostas fraudes antecipadas, os cerceamentos das liberdades políticas e medos não devem ser bichos de sete cabeças para as eleições transparentes e justas em Angola. Estamos próximos. Cada ano de eleições em Angola é um passo gigante rumo ao país, de facto, de direito, democracia, de liberdades e de prosperidade.