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5.1.07

O NATAL ENTRE A HOSPITALIDADE DOS SICILIANOS


Nunca me senti tão próximo de África quanto desta vez em Agrigento. É que passei as recentes festas natalícias e do fim do ano entre os ilhéus sicilianos. Entre Favara e Palarmo estava montada a minha tenda. Foi magnífico contemplar os espectaculares catacumbas, tumulos e os templos greco-romanos do chamado “vale dos Templos” em Agrigento, alí com mais de três mil anos de existência.

As cidades sicilianas são bastantes antigas e urbanizadas, pesa embora pouca manuntenção de certas casas e ruas. Nalguns bairros a precariedade e pobreza são ainda bastante visíveis a olho desarmado. Praças e pracinhas por quase todos os cantos e esquinas das cidades. Vende-se de tudo um pouco. Das hortaliças, frutas aos bugingangas de moda. Há quem associe tal situação de coisas à ilegalidade de certos sicilianos (máfia) e imigrantes.

Mas, a gente siciliana me pareceu extremante simpática, acolhente, e com um espírito forte do sentido de família alargada e de religiosidade que ainda não encontrei noutra parte de Itália. Na Paróquia em que estive hospedado, as três missas dominicais eram sempre lotadas de gente, pessoal que participa viva e festivamente, cantando e batendo palmas, fazendo-me tudo lembrar a África, até o sol que nos sorria quase diariamente. «Nós somos assim por sermos híbridos de raça_ confidenciou-me um siciliano._Temos sangue árabe, italiano e espanhol no nosso dna».

Interessante porém notar o descuido dos fiéis e pároco em relação a certa disciplina de horários e ao descuido e abandono a que está votado a casa Paroquial. Na dita canónica, por exemplo, eu rezava sempre para que o tecto do quarto em que estive hospedado não caísse sobre mim durante o sono da noite. O pároco que me pareceu mais um carismático ausente e um tanto quanto desleixado de cura material, desculpa-se alegando ser novo na sede paroquial e não ter entradas suficientes para restaurar a casa e acudir outras básicas necessidades.

Foi também interessante notar mais uma vez que muitos párocos europeus não cuidam muito das suas cozinhas paroquiais. Muitos desses preferem fazer as refeições dos seus parentes, amigos ou dos restaurantes. A cozinha, se existe, é quase sempre apagada, inoperante. Aqui mais uma vez eu tive de me socorrer aos generosos fiéis e aos bares para matar fome.