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Localização: Luanda, Angola

Apenas conhecemos o que sabemos comunicar, expressar!

20.6.07

O Roque Santeiro Virtual

Eu era muito dado às viagens, curiosidades e aventuras, na minha adolescência. Entretanto, nunca consegui realizar o sonho de atraversar o rio kwanza, a natação (em Cabala) a causa do medo dos jacarés. Outra aventura que tencionava em vão fazer era girar a sós pelo Roque Santeiro, considerada a segunda praça maior do continente africano, depois da do Lagos, Nigéria. Para além do medo dos eventuais assaltos, a vastidão e a multidão do mercado pareciam-me incontornáveis. Tinha medo de lá ir sozinho. Parecia-me um mar de gente e coisas sem confins.


Sinto hoje a mesma sensação quando navego na Internet. A imagem do espaço cibernéutico como o Roque Santeiro me parece perfeita, descontando naturalmente o caos informal do “nosso super-mercado”. Se os confins da Internet são apenas imaginários, pois, seus espaços são de certo modo bem delimitados, por outro, na praça de Internet há de tudo quanto se possa imaginar. Os dinheiros e polícias virtuais já estão sendo popularizados para se garantir cada vez mais as transações económicas e financeiras, para se assegurar a livre e segura circulação de pessoas e bens.


A informação difusa na Internet através de sites e portais informativos e outras formas de publicação online é a mais directa, rápida e com tendências hoje muito mais influentes do que os meios tradicionais, sobretudo entre a camada juvenil. Desde os anos noventa, esse fenómeno verifica-se também em Luanda onde dia e noite, blogs e sites privados, públicos e institucionais nascem como cogumelos e onde são direccionados outros tantos vindos dos quatro cantos do mundo. A propósito, já existem em Angola comerciantes que compram e vendem seus produtos aos americanos e europeus sem sequer sairem dos seus próprios gabinentes.


O baixo custo económico, a grande fluibilidade e liberdade de expressão têm sido as grandes conquistas e atracções de vendas e compras, publicações e navegações na Internet. Entretanto, continua igualmente a pesar a generalizada ignorância de imensa quantidade informativa armazenada na internet, e a alegada liberdade é também essa limitada na forma e no conteúdo das técnicas usadas pelos proprietários (os chamados “motores de pesquisa”), basta notarmos a título indicativo a censura virtual exercida na China.


A informação online é a partida global, mas, no concreto, é seleccionada e dirigida a um público reduzido e bem preciso no tempo e no espaço físico ou cultural. Norma comum, são informações a mão e gratuitas, embora algumas sejam ainda acessíveis somente a pagamento. Muita publicidade (pay-per-click) está sendo encaminhada para Internet.


As três línguas mais usadas na rede virtual são a japonesa (37%), inglesa (36%) e chinesa (8%). Esses dados são importante para quem deve fazer negócios na Internet, caso considere os seus públicos ou clientes. A linguagem da Internet é multimedial (escrita e audiovisual). Mas, o seu conteúdo é de pouca consistência e credibilidade, quando não se conhece a seriedade nem a responsabilidade institucional, social ou profissional da pessoa ou entidade que o produz e o difunde na Internet. Segundo alguns críticos, na Internet circula muita falsidade e tem sido um meio privilegiado para se atacar e fazer-se críticas gratuitas à grandes instituições e personalidades. Entretanto, para muitos expertos em comunicação institucional, a Internet é um grande ambiente para se criar bens e serviços, para se desenvolver e meter-se em relações eficazes com os diferentes públicos das instituições públicas, privadas e sociais. Outros entendidos na matéria como Bill Gate adiantam que num futuro breve a comunicação social estampada e audiovisual será publicada quase toda na Internet. Está-se por ora melhorando os aspectos técnicos ligados ao endereçamento publicitário via online por forma a garantir-se aquele propósito. O próprio fenómeno de blogosfera faz já pensar no grande potencial comunicativo e económico da Internet. Para além de ser um grande espaço de promoção de negócios, Internet é igualmente um lugar privilegiado para a chamada «comunidade técnico-científica», até já existem grandes Universidades virtuais; e o actual fenómeno do comércio electrónico está transformando-a em Roque Santeiro global na ponta dos nossos dedos.