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14.6.07

Missões africanas atraem jovens europeus

A solidariedade laical ou cristã da juventude europea é um fenómeno em rápido crescimento. Milhares de pessoas com idade compreendida entre os 18 e 65 anos fazem no verão o chamado “turismo responsável”, dentro e fora da Europa. Só na Itália, o fenómeno de voluntariado movimenta anualmente mais de 400 milhões de euros para mais de 32 mil associações, ONGs, entidades filantrópicas e outras organizações não lucrativas de utilidade social.

Desde que cessou o serviço militar obrigatório, muita juventude tem sido aconselhada a fazer sua experiência pessoal ou colectiva no chamado «serviço civil nacional» que é um serviço voluntarista através de organizações não lucrativas que proporciona a realização de diversos projectos em países ditos do terceiro mundo ou mesmo aqui na Europa. Esse tal voluntariado nacional ou internacional é geralmente feito no verão, concretamente no mês de Agosto, quando estudantes e trabalhadores estão todos de férias; e tem sido antecipado por cursos específicos em virtude dos projectos ou eventos proporcionados, também para compreensão dos usos e costumes do país destinatário. Há os que fazem essa tal experiência num largo de seis ou doze meses sucessivos.

Apoiando a esta oferta crescente da juventude, estão organizações de solidariedade, paróquias, congregações religiosas e associações universitárias, que, além de se responsabilizarem pela iniciativa, colaboram na organização dos projectos e acções, desde os contactos com as associações, Igrejas e outros organismos locais desses países, até à escolha dos jovens e respectiva preparação espiritual e humana.

O que é que atrai essa malta toda a essas estranhas missões e terras? Aqui, uma franja significativa da juventude é inconformada com o status quo dos seus respectivos paises em relação às políticas sociais internas e externas. Outra anda agastada com as modas consumistas, do “politicamente correcto”, e não faltam os que se entregam a essas aventuras somente para quebrarem os monótonos jigsaws e desfazerem-se dos estresses familiares, sociais ou laborais. Quase todos porém dizem experimentar algo muito especial no contacto com gente pobre, miserável, necessitada e de cultura diversa das suas. Muitos partem com o propósito de ajudar pessoal e materialmente a essa desgraçada gente, mas, de regresso, sentem-se mais reconfortados, animados e enriquecidos por dentro. É uma experiência de recíproco conhecimento que permite por outro, da parte do voluntário, a aquisição de novos conhecimentos e competências, úteis para crescimento de sua personalidade, enriquecimento do seu curriculum vitae e o aumento das suas perspectivas de inserção laboral. Em muitos casos, abrem-se os olhos a novos valores, que os levam a reflectir e a transformar as suas próprias vidas e profissões.

Nos paises pobres, os voluntários europeus dedicam-se comumente ao auxílio nas actividades de assistência social e sanitária, beneficência e instrução ou formação, em particular nos centros de acolhimento de crianças de rua, centros sanitários, hospitais e noutros projectos de assistência alimentar e escolar de ONGs locais. A impressão que tenho é que muitas organizações civis e religiosas que acolhem esses voluntários naqueles paises não estão devidamente organizadas quanto aqui é organizado o “serviço civil” ou “voluntariado internacional” por forma a que se possa aproveitar mais e melhor o tempo, a disposição, o know-how e a energia desses corajosos jovens, em benefício das pessoas realmente carentes e necessitadas. Aqui na Europa, realizam-se também serviços civis de voluntariado tais como a salvaguarda do ambiente e dos animais, protecção civil, assistência de crianças e velhos em dificuldades, mas, é um serviço bem estruturado e eficiente, e parece ser até profissional. E por que razão não se faz o mesmo com o “voluntariado internacional” operado na América-latina e na África?