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11.4.07

Páscoa entre Anciãos deTrento



Esta Páscoa passei-a na Paróquia do padre Mário Tomaselli, em Trento, região mais ao norte de Itália. Durante a semana Santa, não nos demos paz, giramos por quase todas as vilas do decanado do padre Mário, destribuindo sacramentos e preparando os fiéis à celebração solene de Páscoa. Como tenho feito sempre que vou a Trento, visitei também alguns fiéis doentes, na sua maioria anciãos. Desta vez, não me limitei porém aos velhos caseiros e hospitalizados, tive também a ocasião de visitar três asilos de terceira idade, ao todo, com duas centenas cerca de velhos entre os 80 e 90 anos de idade, muitos com debilidades ou deficiências físicas.


Conversando com as pessoas, apercebi-me também que tem vindo a crescer assustadoramente o número das ditas «casas de repouso», quer sejam públicas, quer sejam privadas. De facto, e a vista desarmada, vê-se e fala-se mais de asilos de anciãos que das creches. Aqui as estatísticas dizem que dois terços dos italianos têm mais de 50 anos de idade. A população é cada vez mais velha, e os nascimentos anuais rondam apenas 500 mil crianças, na sua maioria nascidas dos casais imigrantes.


Entre os europeus, é normal que os velhos peçam aos seus filhos que se lhes levem a um lar de terceira idade a causa dos considerados eventuais incovenientes. Por outro, muitos filhos ou parentes não conseguem acolher ou assistir os próprios pais velhos. Pelo que muitas creches, hoje, têm vindo a ser transformadas em «casas de rouposo». E, pelos vistos, o business tem sido lucrativo. Os anciãos abeirados nestes asilos privados e públicos pagam entre dois a quatro mil euros/mês para garantirem a estadia, alimentação e os diversos serviços pessoais prestados naquelas estalagens. Naturalmente muitos velhos não estão em condições de desembolsarem os cerca 36 mil euros em cada ano. O estado italiano e as respectivas famílias (os filhos ou outros parentes) têm partilhado as despesas, em muitos casos. Contudo, os custos económicos continuam sendo avultados, insustentáveis, para algumas famílias italianas, e nem sempre a qualidade de serviço é humanamente a mais desejada e digna.


Para minha surpesa, notei a ausência da Igreja neste tipo de assistência a terceira idade. Certo, na Itália, aqui e acolá, a caritas e a «comunidade de sant’egidio» têm dado certo apoio, mas, não é ainda uma missão compacta e fortemente presente, tudo foi deixado às mãos do Governo e dos privados. É de estranhar, a meu ver. Talvez as culpas sejam atribuidas a escassez de vocações sacerdotais e religiosas. Em todo caso, penso que as Paróquias, as associações e congregações religiosas deviam fazer algo mais coeso e significativo para se acudir as necessidades materiais e espirituais das pessoas na sua velhice. O repto fica lançado também aos religiosos africanos. A propósito, conheço algumas religiosas angolanas em Madrid e aqui em Roma que se dedicam quase exclusivamente a cura dos anciãos. Acho que se apresença religiosa fosse um pouco mais numerosa e compacta nessa missão, muitos cristãos velhos na Europa procurariam as «casas de repouso» dessas missionárias ou religiosas. Os doentes e velhos que têm o privilégio de serem assistidos por religiosas dizem que as mãos dessas são mais aconchegantes e doces porque prestam tal serviço mais por amor a Deus e aos irmãos que por outros interesses.