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9.3.07

A CEAST Começou a arrumar a sua casa




Em 2002, num dos encontros do clero em Luanda, eu tinha perguntado a um dos clérigos se a segurança médica dos padres era ou não assegurada na Arquidiocese de Luanda. A resposta que me se tinha dado é que eu era ainda muito miúdo para me preocupar dos problemas de saúde, como se os infortúnios da vida dependessem da idade. Em 2001, um sacerdote diocesano que tinha sido convidado a trabalhar em Luanda perguntara sobre as garantias de assistência social ao que se lhe tinha sido respondido que em Angola nenhum padre morria a fome.


Entretanto, sabe-se de certos padres que morreram no Uíje, Malanje e noutras dioceses a causa de patologias como paludismo que poderíam muito bem ser curados se houvesse mais cuidados para com a saúde e velhice dos nossos pastores. Recentemente, um padre secular do Sumbe morreu em Luanda alegadamente por negligências e falta da devida assistência da parte de quém de direito.


Alguns sacerdotes são acusados de “candongueiros” por praticarem os biscates a fim de acudirem as suas legítimas necessidades de vida. A considerada “gratificação mensal” que procura compensar materialmente a actividade pastoral dos padres diocesanos não passa dos míseros 25 dólares/mês, na maioria das dioceses de Angola. Certo, ninguém se faz padre para melhorar a sua própria condição económica, mas é justo que o presbítero receba a gratificação real e digna capaz de o ajudar a responder às necessidades prementes da vida, e assim salvaguardar também a decência e o porte sacerdotal.


Já ouvira de um sacerdote religioso a considerar heróicos os seminaristas diocesanos porque eram determinados em abraçar o presbiterado mesmo alimentando-se mal e conscientes dos riscos sobre as suas futuras vidas, sem dinheiro nem segurança social.


Mas, esses e outros males sócio-pastorais dos sacerdotes de Angola parece terem dias contados. Há 4 anos, a Conferência Episcopal dos Bispos de África Austral, IMBISA, e a Conferência Episcopal de Angola e S. Tomé, CEAST, têm vindo a chamar atenção sobre a necessidade das nossas dioceses serem autónomas nas questões económicas e financeiras. Nalgumas dioceses de Angola os sistemas de «ombango», contribuições vindas das próprias Paróquias e centros, já começaram a dar frutos concretos com erecção de novas Igrejas e Capelas.


Com certo alívio soube esta semana que os Bispos de Angola tomaram conhecimento dos passos que estão a ser dados na resolução do problema da segurança social do clero. Até que fim, os nossos Bispos já discutem a sério sobre a problemática da assistência social dos seus colaboradores directos. Caso para acreditar que novos ventos estão de facto soprando em Angola e que o futuro pode ser melhor para os humilhados obreiros do Evangelho e não só. Não se proucuparão mais do pão de cada dia, estarão certos de ter o suficiente garantido para o resto das suas vidas, quer seja na doença quer seja na velhice. A final tudo é possível para quem acredita, tudo é possível onde houver vontade.