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2.3.07

O Aborto é comparado ao Holocausto nazista II, O Caso da Menina Muxima

A opção pelo aborto é sempre uma decisão difícil, dolorosa, para quem a pretende afrontar. Além dos eventuais ríscos físicos, o aborto tem deixado indeléveis manchas psicológicas a quem o pratica. Por isso, os cristãos não se têm limitado apenas a denunciar como infanticídio a interrupção voluntária da gravidez. Aliás, as maiores intervenções dos católicos, por exemplo, vêm-se mais nas suas acções práticas mediante centros de acolhimento de crianças abandonadas ou rejeitadas, orfanatos, centro de apoios às mulheres concebidas em dificuldades psicológicas ou materiais, etc.

Quando leio ou ouço falar de questões sobre aborto, me vem sempre a memória uma criança que conheci em Luanda precisamente porque a sua mãe lhe queria “sacar”, como se diz na gíria. A Muxima tinha apenas seis semanas no seio da sua mãe, quando esta lha queria abortar porque o namorado, pai da Muxima, não queria mais saber dela. A sorte da menina Muxima residiu no facto da jovem ter pensado primeiro em desabafar o caso com a sua sógra, a senhora Teté. Esta, desesperada da macabra idea da futura nora, pediu de joelhos a jovem que não realizasse o tal aborto, a condição de assistí-las com todos os meios que tinha a sua disposição durante a gestação. (Não é que a dona Teté tivesse lá grande coisa, passava os dias vendendo o carvão e alguns kimbombos). A mãe da Muxima consentiu, mas, a condição de que apenas desse a luz, livrar-se-ia do bebê. E assim aconteceu. Quem foi buscar a criança na Maternidade foi a senhora Teté. Esta cuidou-a carinhosamente. E nomeou-a Muxima poque dizia ter sido oferta da «Mamã Muxima». Ora, a miúda cresce saudável e robusta. Aos seus cinco anos de idade, fui convidado a apadrinhá-la no seu Baptismo, e no ano seguinte, a matriculamos na Escola primária do Ine-Marista, Luanda. Muxima vai fazer em Julho 11 anos de idade. Começou já o ensino secundário. Seus lábios estão sempre sorrindo, e mostra muita esperança nos olhos. Hoje a Muxima continua chamando mamã a sua avó, a senhora Teté, com a qual vive desde que viu os raios de sol. Gestos como a da mais velha Teté Luanda e o mundo estão cheios. Infelizmente não são tão propagados como mereciam.

Para responder às mulheres que não se sentem em condições de levar a avante a gravidez, muitas mulheres religiosas como as Religiosas da Madre Teresa de Calcuta abriram as suas portas e corações , acolhendo e cuidando bebês abandonados. Nalguns lugares como aqui na Itália existem até os chamados «centros de apoio à vida» onde os volontários já salvaram a vida de 75 000 crianças concebidas, mas “indesejadas” pelas suas respectivas mães. E a questão que agora se coloca é a todos nós interpelante: quantas crianças deviam ser salvas se houvessem instuições civis disponíveis a frustrar abortos, ajudando a mulher a nascer? Por exemplo, quantas “Muximas” viriam à luz do sol, se as nossas «mamãs da Igreja» se organizassem em favor dessas vidas inocentes?

Muitas senhoras e raparigas optam pelo aborto a causa de ignorança e medo de diversa natureza. Abandoná-las nestes momentos difíceis e confusos só piora a situação. Ouvi-las com atenção e acompanhá-las nessa hora turbulenta pode ser um remédio eficaz a evitar os dissabores do aborto. A vida da criança por nascer e da mulher em dificuldades não devem ser apenas respeitadas, devem ser antes queridas, amadas. É com essa disposição interior que podemos acolher tantas «Muximas» nas nossas casas.