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26.6.07

O Business da SIDA em África

Além da imagem duma África infestada de guerras, conflitos e fomes, para muitos ocidentais, África negra é substancialmente um continente doente. Para muitos desses, a pior tragédia dos africanos é a Sida. A grande máquina publicitária e de marketing montada para recolha de fundos, a prior, a beneficiar os ditos afectados ou vitimados pelo virus do HIV/Sida semea de que maneira essa imagem sídica de África. Entre nós sabe-se porém que as doenças epedémicas a preocupar tudo e todos não é primeiramente a Sida, mas sim a malária.


Kary Mullis, americano prémio Nobel de química, diz que se faz muito barulho sobre o Aids. Segundo ele a Sida é menos agressiva do que se diz. A dado passo da sua intervista que concedera ao quotiano “Metro” confessa: «quando se vê a África, fala-se dos órfãos de Sida. Não, aqueles são órfãos porque lá a vida média é baixíssima, porque lá há malária e tuberculose, porque não há água potável nem higiene». Thabo Mbeky, presidente sul-africano, anos atrás já defendia semelhante tese, mas, quase ia sendo engolido vivo pela fúria dos lobbies das ONGs e Indústrias farmacéuticas do “produto Sida”.



Os números produzidos pelas mesmas organizações humanitárias podem-nos dizer que a Sida não é a causadora principal de mortes em África. Fala-se de 23 milhões afectados pelo Sida na África subsahariana. Em relação ao paludismo, 500 milhões dos 689 milhões africanos padecem anualmente da malária, dos quais um milhão morre em cada ano. 90 % dos óbitos em África é causada pela malária, dos quais 20 % das mortes são crianças abaixo dos 5 anos de idade. A pensar-se bem, estamos perante uma silenciosa tragédia, um completo e injustificável holocausto, pois, a malária pode ser irradicada, e tudo isso não devia acontecer. Aqui na Itália havia também focos palúdicos até aos anos 50, mas, nos anos 60 eliminaram-nos totalmente. E por que não se faz o mesmo em África ao invez de se insistir nestas campanhas paliativas que servem apenas para engordar os negócios dos senhores das farmácias?



Em Angola, a malária afecta anualmente cerca de 3 milhões angolanos, dos quais cerca 20 mil convertem-se em defuntos. A Sida afecta somente 13 mil pessoas, segundo os dados das autoridades sanitárias angolanas. Entretanto, os programas de combate e prevenção da Sida recebem dois terços dos milhões que o Banco Mundial “oferece” para cura e prevenção das doenças endêmicas em Angola. A propósito, foi construida uma sede nacional imponente de luta contra a Sida em Luanda, e o Governo angolano projecta inserir uma disciplina de «Sexualidade e Sida» no sistema educativo angolano, e tem havido muita pressão no sentido de se aumentar a fatia financeira do orçamento estatal para luta contra a Sida. Curiosa e paradoxalmente, não existe a mesma atenção e cuidado preventivo e curativo em relação à malária, à doença de sono e a tuberculese, as principais causadores de mortes e abstenção laboral no país! Não sou contrário ao gigantesco esforço de tratamento e prevenção de Sida, mas penso ser injusto alocarem todos os esforços humanos e materiais nessa luta, quando a maria de gente morre de malária e tripanosomíase em Agola. Por isso, sempre me pergunto sobre o por que dessa desproporção e desatenção.



As respostas são muitas. As menos complexas, é que o lobby da Sida é mais forte porque é uma doença que toca e sensibiliza a todos, ricos e pobres; a malária é coisa dos ditos atrasados e miseráveis. A malária é curável e pode ser irradicada, se houver vontade política e económica; A Sida ainda não é definitivamente curável. Há grandes ONGs e farmácias multinacionais por detrás das campanhas sobre a Sida, são lobbies de pressão política e económica muito mais fortes do que os grupinhos da luta pela irradicação do paludismo. Como se isso não bastasse por si só, aos media, através dos seus mecanismos de agenda setting e framing, apetece mais difundir os programas e eventos ligados à Sida do que as “problemáticas marginais” dos milhões africanos afectados pela malária. Em suma, há indústrias, cientistas, expertos, voluntários, colossais financiamentos, pesquisas, uma complexa rede de gentes, programas e agendamentos relacionados com o fenómeno “Sida africano”. Para além do bem proporcionado por estes agentes, os nossos políticos e pensadores deviam estar mais atentos para que as agendas estrangeiras e alheias à realidade dos seus respectivos paises não se sobrepusessem às verdadeiras problemáticas sociais, sanitárias e económicas dos nossos paises africanos.